domingo, 14 de julho de 2013

Sobre o Efeito das Paixões (A.O.)

Frescor de brisa.
Sopraste
E, sem pretensão alguma,
Abriste-me as janelas d’ alma
E a mim mesma tornaste-me conhecida.

Calor de brasa.
Tocaste-me a pele
E despertaste-me para o
Que dentro de mim há,
E que agora
Há de tudo comandar.

Brisa passageira.
Calor esvaído.

De ti, ficou o que deixaste:
Nada mais que um sopro.
Nada além de um vigor novo de vida.

Itapoá - SC

Atração

O que me atrai em ti
É um não sei quê
Nesse teu olhar de mistério.
É um não sei quê
Nesse teu jeito singelo.

É o modo como mordes as frutas.
É esse teu jeito meio menina
Meio mulher madura.

É como gostas do sol, céu azul!
E como aprendeste a gostar
Dos dias cinza e de chuva.

É o rubor da tua pele,
Tua timidez repentina,
Ao ouvir um elogio sincero
Uma palavra há tempos não ouvida.

O que me atrai em ti
É o teu olhar de saudade
Ao lembrar de teus pais, irmãos
E sorrir, contente.

É tua pouca malícia,
Volúpia velada,
Por medo da incompreensão.

É tua pouca vaidade,
Teus lábios pouco pintados,
Teus olhos “aquarelados”,
Teu cheiro de chá.

É tua sinceridade, tua seriedade,
O modo como vês tudo
Como se fosse a mais pura verdade.

De tudo, o que mais me atrai,
É tua palavra, tua poesia
Que desvenda teu coração,
Tua alma,
E me transporta pra dentro de ti.

Procura

Não sei o que procuro,
Mas sei que devo procurar
Algo que me espera
E que sei que irei encontrar.

Pode ser o meu futuro
Ou um simples olhar
Mas, mesmo assim,
Quero buscar.

O meu horizonte
Vou procurar.
Mas, onde está o horizonte?
Pego-me a perguntar.

Não sei.
Mas vou descobrir!
Procurar aqui e lá
Pois quero voltar a sorrir.

Em busca de mim
Vou viajar
Por terra e por mar
E nada me impedirá!

Pois nada sei de mim
E vivo assim:
Constante procura
Eterna e sem fim...

Ilha de Superagui - PR

domingo, 23 de junho de 2013

Simples Assim

Ser verdadeiramente
Aquilo que sou,
Sem vestir-me
Da corriqueira seriedade.

Voltar a ser criança
Brincar de roda
Sorrir e falar besteira
Sem nenhuma maldade.

O coração, de contentamento
Se farta.
A vida, com simplicidade
É levada.
À alma, além do amor,
A amizade basta.

Sobre Quando Meu Coração Voltou a Bater

Quando te vi
Foi que meu coração
Voltou a bater.

Acordou do sono
Que há muito dormia
E pensei eterno.

Senti o bater,
O sangue pulsando
Enrubescendo o rosto.

Mãos suando,
Frio na barriga...
Os olhos, eu sei, brilharam.

Pensei que nunca mais
Isso tomaria de assalto
Meu coração cansado.

Feliz, sorri sozinha
Olhando para o nada,
Pensando na sensação
Que não mais esperava.

E não importa
Se não sentiste o mesmo!
Só importa que fizeste
Meu coração bater outra vez!

Viver

Não é a simples existência.
Não é a matéria,
A carne, os ossos, a pele.

Não é só esse mundo.
É a perspectiva eterna.
É ver, com os olhos da alma.

Viver
É mais que o pulsar
De um coração.
É mais que um respirar,
Mais que um ver,
Mais que um tatear, ouvir, falar.

É sentir.
É amar.
É saber.É ser.

É perceber
Nas pequenas coisas,
Nos singelos momentos
As maiores maravilhas,
As mais valiosas experiências,
Os maiores ensinamentos.

Viver é muito mais
Que a simples existência.
Viver é ser!
Viver é ver
Parque Bacacheri - Curitiba/PR
Com os olhos da eternidade.



domingo, 16 de junho de 2013

Leito de Hospital

Observando
O gotejar do soro
Suspenso
No único “veículo”
Que é possível
Manobrar
Nos corredores-pista
Do inevitável local...

As horas passam
Devagar, devagar...
Quase parando.
E a vida vai
Lentamente se arrastando.

Pela janela
O amanhecer
O entardecer
Passeiam como se fossem
Visitantes indesejados
Que só aumentam
A ansiedade pela espera
Do retorno ao lar.

Contam-se os dias
Pelas trocas
De enfermeiras, curativos
E pela visita típica
Rápida “de médico”.

Muitos ais, ais...
Muitos filhos, esposas,
Maridos, avós,
Pais...
Internados, visitando,
Cuidando.
Fazendo o que se pode
Antes que seja tarde demais.

Alguns risos,
Muitos amigos
De dores, de roncos (daqueles que parecem tratores)
De conversas,
Noites a fio,
Sobre a vida
E as mudanças
Que a dor lhes infringiu.

Aqui, a vida passa
Devagar, devagar...
Observando a lentidão
Do soro a gotejar.

Noite Escura

Quando a noite escura
Do dia tomar posse,
Não quero estar vivo
Quero que me tome a morte.

Quando a solidão chegar
E minha vida atropelar
De espanto ficarei
Estátua.

Quero estar morto, se
No mundo aparecer,
A desgraça, o desagrado
Em minhas veias a correr.

A vida já é inútil.
A dor não sinto mais.
Finjo que vivo, vegeto.
Sofro. Minh’ alma não morre.

Eterna alma não vira pó.
Vive, vive, inflama.
Meu corpo morto, remoto,
Reclama a vida sem posse.

Acróstico nº 1

Vinha e
Ia, o
Dia
Amanhecia.
*
Indo, o
Dia
Acontecia.
*
Enlouquecido,
Naquele dia,
Fui sozinho...
Indo,
Morria...
*
Findava e
Ia... Depois daquela
Noite, o
Dia não mais
Amanheceria.

domingo, 9 de junho de 2013

Busquei o silêncio.
E o encontrei!
No soprar do vento.
No sacudir das folhas.
No balançar da grama.

O silêncio canta e dança suave no outono...
Mosteiro da Transfiguração - Santa Rosa/RS

Conexões

Parque Tanguá - Curitiba/PR
O que desejo?
Nada mais
Do que viver livremente
A perambular pela vida.

O que mais desejo?
Mais do que ter
Livre a mente.
Imensidão de pensamentos.

Fim dos Tempos

E quando isso acabar
O que é que restará?
Um raio de sol?
Uma brasa acesa?

Quando isso acabar
Algo novo e bom surgirá?
Uma nova era?
Um novo rei?

Quando a lua
Se tornar em sangue
É que tudo vai se acabar?
Ou quando esfriar
O coração dos homens?

E, se tudo realmente acabar?
O fôlego da vida
Dará seu último suspiro?
Ou ar puro pra isso
Não mais haverá?

Quando tudo isso acabar
Nenhum lampejo, nenhuma luz
No fim do túnel será vista?

Não. Não há túnel, não há luz.
Nada restou. Nada.

Não há sequer um sopro de vida.

domingo, 19 de maio de 2013


Da plenitude outrora havida, se desfez o gozo.
A lástima de perder o que de mais supremo até hoje se achara
E, sabe-se lá, quantas outras vidas far-se-ão necessárias
Para viver novamente sensações como as dantes vividas.
E, por desejar que d’alma tão cálida jamais tivesse de se desfazer,
Mata-se o que no peito há e, das lembranças que ficam impossíveis de apagar,
Fazem-se as lágrimas que correm aos domingos, no entardecer.

Ontem, fui o que desejei ser um dia.
Hoje, sou fragmentos do que um dia fui.
Amanhã, serei um novo ser, uma nova criatura,
Como que renascida das cinzas do ontem e do hoje.
E alçarei voos mais altos, até alcançar a eternidade.
Sabendo que não 
podia mais amar
Entregou-se
Como um cordeiro.
E, no mais íntimo
do ser,
Seu coração de pedra
Verteu uma única gota
De um "sangue"
Escuro e denso:
O que restava de sua alma.

sábado, 18 de maio de 2013

Negação


Não, meu coração
Não mais dispara
Quando te vejo.

Não, minhas mãos
Não mais suam
Quando estás por perto.

Não, minha voz
Não mais treme
Quando me dirijo a ti.

Não, meus olhos
Não mais brilham
Quando em ti penso.

Não, meus lábios
Não mais recordam
Dos teus beijos.

Não, minha mente
Não mais o tem
A todo instante
Em pensamentos.

Não, não mais sinto
Não mais desejo,
Não mais quero
O teu querer.

Não, minha vida
Não mais depende
Do teu viver!

Pássaros


Quem foi que disse que “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”?
Pois eu prefiro dois, três... Todos voando, livres, na imensidão do céu!
Mais valem os pássaros voando a teu lado pelo caminho,
Do que um preso à tua vida por obrigação!
Mais valem os pássaros voando a teu redor te protegendo,
Do que um te cercando e te ferindo!
Mais valem os pássaros se achegando a ti, te amando,
Do que um a teu lado, fingindo!
Mais valem os pássaros no céu te guiando,
Do que um contigo, te iludindo.
Mais valem os pássaros, na vida, livres: teus amigos!
Do que vale um pássaro na gaiola, preso, sem querer o acontecido?
Pássaros presos não cantam, não vivem, não amam.
Esses eu não mais quero!
Amigos são pássaros livres...
Vem e vão quando querem, estão a teu lado porque te amam e te querem bem.
Ilha de Superagui/PR
Estes sim: quero sempre encontrar pelo caminho!



Não mandarei flores.
Não! Rosas, cravos...
Nenhuma flor mandarei!
Não farei odes,
Não quereria cantá-los.
Não pintarei aquarelas.
Que sentido haveria
Se as cores desbotariam
Antes da Primavera?
Nada farei, nada direi, nada...
Não adianta, não basta!
Nem flores, nem odes, nem quadros...
Não podes, não queres, não vais...
Decidido estás de não aceitar
Tudo que posso e desejo te dar.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Mata Atlântica - Serra do Mar/PR

Quem dera poder largar tudo
E sumir nesse mundo!
Contemplar a beleza
na natureza guardada
e sentí-la,
como se parte de mim fosse.
E, oh! Que doce seria!
Sentir o vento no rosto,
a água tocando os pés descalços...
Oh! Quem dera poder largar tudo
E sumir nesse mundo..!



Sob o céu
"Empipocado" de estrelas,
O corpo, jogado na areia,
Se renova, se reaviva,
Se nutre e se faz cheio
De uma paz,
De um "não-sei-quê"
Que lhe toma e,
À natureza lhe incorpora.
E a alma, absorta,
Dos vales da morte retorna.

Fim de tarde,
O sol esconde-se.
Sob as montanhas
O dia dorme.

O céu, tomado,
De escuridão se veste
Para o baile das estrelas
Que logo, logo, acontece.
 
Ilha de Superagui/PR

45min

Mosteiro da Transfiguração - Santa Rosa/RS
Bolo no forno.
Mochila pronta.
Bike no ponto.

Assim que assado
Estiver o bolo,
Na bike monto
E a meu encontro
Parto...

Sol e vento na cara.
Respostas.
Para tudo. Para nada.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Ironias


Quando criança,
Que o tempo voasse
Eu queria,
Para ser adulto e
Fazer o que bem entendia!

Quando jovem,
Um pouco da infância,
Um pouco da “adultice”.
Saudoso e esperançoso
Suspirando vivia...

Adulto, enfim,
Porém não satisfeito:
Quanto mais velho fico
Mais criança quero ser,
Para a cada dia
Um pouco menos morrer.

O Mar

Praia Deserta - Ilha de Superagui/PR

Verei o sol
Cair do céu
Brilhar no mar!

Verei as nuvens
Navegarem no horizonte
Virarem ondas do mar!

Verei as areias
Rodopiarem ao vento
Banharem-se no mar!

Sentirei o vento
Assoviar sereno:
“Vem para o mar...”

Vou! Vou! Vou!
Pés descalços
Sem deixar rastro.

Perco-me no mar...
Sou o próprio mar...
(Saudades do mar...)

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Viver


Viver, não é a simples existência.
Não é a matéria,
A carne, os ossos, a pele.

Não é só esse mundo.
É a perspectiva eterna.
É ver, com os olhos da alma.

É mais que o pulsar
De um coração.
É mais que um respirar,
Mais que um ver,
Mais que um tatear, ouvir, falar.

Viver é sentir
É amar
É ser, saber.

É perceber
Nas pequenas coisas,
Nos singelos momentos
As maiores maravilhas,
As mais valiosas experiências,
Os maiores ensinamentos.

Viver é muito mais
Que a simples existência.
Viver é ser!
Viver é ver
Com os olhos da eternidade.
Mata Atlântica - Serra do Mar/PR

Ipês


Amarelas!
As flores dos Ipês,
São as favoritas
Dentre elas e as roxas!

Sob o sol
De um dourado se vestem.
Sob as nuvens
Nada muda:
Sua cor
Mais viva parece!
                
As de cá
Não são como as de lá
Que carregam as árvores de flores.
As de lá
Povoam flores os galhos
Folhas são um mero detalhe.

Ipês! Amarelos Ipês!
Como sóis esburacados
Mais próximos das mãos
Caídos do céu e encantados!

Cerceiam as ruas,
Estradinhas de chão batido...
Levam a lugares saudosos,
Revelam sentimentos escondidos...

Amarelos!
Os Ipês do Rio Grande!
Amarelos!
Como o sol
De uma manhã fulgurante!

Amarelos Ipês
Carregados de flores...
Avivam a alma,
Colorem os dias,
Explodem, intensos,
Da mais pura alegria!