domingo, 23 de junho de 2013

Simples Assim

Ser verdadeiramente
Aquilo que sou,
Sem vestir-me
Da corriqueira seriedade.

Voltar a ser criança
Brincar de roda
Sorrir e falar besteira
Sem nenhuma maldade.

O coração, de contentamento
Se farta.
A vida, com simplicidade
É levada.
À alma, além do amor,
A amizade basta.

Sobre Quando Meu Coração Voltou a Bater

Quando te vi
Foi que meu coração
Voltou a bater.

Acordou do sono
Que há muito dormia
E pensei eterno.

Senti o bater,
O sangue pulsando
Enrubescendo o rosto.

Mãos suando,
Frio na barriga...
Os olhos, eu sei, brilharam.

Pensei que nunca mais
Isso tomaria de assalto
Meu coração cansado.

Feliz, sorri sozinha
Olhando para o nada,
Pensando na sensação
Que não mais esperava.

E não importa
Se não sentiste o mesmo!
Só importa que fizeste
Meu coração bater outra vez!

Viver

Não é a simples existência.
Não é a matéria,
A carne, os ossos, a pele.

Não é só esse mundo.
É a perspectiva eterna.
É ver, com os olhos da alma.

Viver
É mais que o pulsar
De um coração.
É mais que um respirar,
Mais que um ver,
Mais que um tatear, ouvir, falar.

É sentir.
É amar.
É saber.É ser.

É perceber
Nas pequenas coisas,
Nos singelos momentos
As maiores maravilhas,
As mais valiosas experiências,
Os maiores ensinamentos.

Viver é muito mais
Que a simples existência.
Viver é ser!
Viver é ver
Parque Bacacheri - Curitiba/PR
Com os olhos da eternidade.



domingo, 16 de junho de 2013

Leito de Hospital

Observando
O gotejar do soro
Suspenso
No único “veículo”
Que é possível
Manobrar
Nos corredores-pista
Do inevitável local...

As horas passam
Devagar, devagar...
Quase parando.
E a vida vai
Lentamente se arrastando.

Pela janela
O amanhecer
O entardecer
Passeiam como se fossem
Visitantes indesejados
Que só aumentam
A ansiedade pela espera
Do retorno ao lar.

Contam-se os dias
Pelas trocas
De enfermeiras, curativos
E pela visita típica
Rápida “de médico”.

Muitos ais, ais...
Muitos filhos, esposas,
Maridos, avós,
Pais...
Internados, visitando,
Cuidando.
Fazendo o que se pode
Antes que seja tarde demais.

Alguns risos,
Muitos amigos
De dores, de roncos (daqueles que parecem tratores)
De conversas,
Noites a fio,
Sobre a vida
E as mudanças
Que a dor lhes infringiu.

Aqui, a vida passa
Devagar, devagar...
Observando a lentidão
Do soro a gotejar.

Noite Escura

Quando a noite escura
Do dia tomar posse,
Não quero estar vivo
Quero que me tome a morte.

Quando a solidão chegar
E minha vida atropelar
De espanto ficarei
Estátua.

Quero estar morto, se
No mundo aparecer,
A desgraça, o desagrado
Em minhas veias a correr.

A vida já é inútil.
A dor não sinto mais.
Finjo que vivo, vegeto.
Sofro. Minh’ alma não morre.

Eterna alma não vira pó.
Vive, vive, inflama.
Meu corpo morto, remoto,
Reclama a vida sem posse.

Acróstico nº 1

Vinha e
Ia, o
Dia
Amanhecia.
*
Indo, o
Dia
Acontecia.
*
Enlouquecido,
Naquele dia,
Fui sozinho...
Indo,
Morria...
*
Findava e
Ia... Depois daquela
Noite, o
Dia não mais
Amanheceria.

domingo, 9 de junho de 2013

Busquei o silêncio.
E o encontrei!
No soprar do vento.
No sacudir das folhas.
No balançar da grama.

O silêncio canta e dança suave no outono...
Mosteiro da Transfiguração - Santa Rosa/RS

Conexões

Parque Tanguá - Curitiba/PR
O que desejo?
Nada mais
Do que viver livremente
A perambular pela vida.

O que mais desejo?
Mais do que ter
Livre a mente.
Imensidão de pensamentos.

Fim dos Tempos

E quando isso acabar
O que é que restará?
Um raio de sol?
Uma brasa acesa?

Quando isso acabar
Algo novo e bom surgirá?
Uma nova era?
Um novo rei?

Quando a lua
Se tornar em sangue
É que tudo vai se acabar?
Ou quando esfriar
O coração dos homens?

E, se tudo realmente acabar?
O fôlego da vida
Dará seu último suspiro?
Ou ar puro pra isso
Não mais haverá?

Quando tudo isso acabar
Nenhum lampejo, nenhuma luz
No fim do túnel será vista?

Não. Não há túnel, não há luz.
Nada restou. Nada.

Não há sequer um sopro de vida.