domingo, 19 de maio de 2013


Da plenitude outrora havida, se desfez o gozo.
A lástima de perder o que de mais supremo até hoje se achara
E, sabe-se lá, quantas outras vidas far-se-ão necessárias
Para viver novamente sensações como as dantes vividas.
E, por desejar que d’alma tão cálida jamais tivesse de se desfazer,
Mata-se o que no peito há e, das lembranças que ficam impossíveis de apagar,
Fazem-se as lágrimas que correm aos domingos, no entardecer.

Ontem, fui o que desejei ser um dia.
Hoje, sou fragmentos do que um dia fui.
Amanhã, serei um novo ser, uma nova criatura,
Como que renascida das cinzas do ontem e do hoje.
E alçarei voos mais altos, até alcançar a eternidade.
Sabendo que não 
podia mais amar
Entregou-se
Como um cordeiro.
E, no mais íntimo
do ser,
Seu coração de pedra
Verteu uma única gota
De um "sangue"
Escuro e denso:
O que restava de sua alma.

sábado, 18 de maio de 2013

Negação


Não, meu coração
Não mais dispara
Quando te vejo.

Não, minhas mãos
Não mais suam
Quando estás por perto.

Não, minha voz
Não mais treme
Quando me dirijo a ti.

Não, meus olhos
Não mais brilham
Quando em ti penso.

Não, meus lábios
Não mais recordam
Dos teus beijos.

Não, minha mente
Não mais o tem
A todo instante
Em pensamentos.

Não, não mais sinto
Não mais desejo,
Não mais quero
O teu querer.

Não, minha vida
Não mais depende
Do teu viver!

Pássaros


Quem foi que disse que “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”?
Pois eu prefiro dois, três... Todos voando, livres, na imensidão do céu!
Mais valem os pássaros voando a teu lado pelo caminho,
Do que um preso à tua vida por obrigação!
Mais valem os pássaros voando a teu redor te protegendo,
Do que um te cercando e te ferindo!
Mais valem os pássaros se achegando a ti, te amando,
Do que um a teu lado, fingindo!
Mais valem os pássaros no céu te guiando,
Do que um contigo, te iludindo.
Mais valem os pássaros, na vida, livres: teus amigos!
Do que vale um pássaro na gaiola, preso, sem querer o acontecido?
Pássaros presos não cantam, não vivem, não amam.
Esses eu não mais quero!
Amigos são pássaros livres...
Vem e vão quando querem, estão a teu lado porque te amam e te querem bem.
Ilha de Superagui/PR
Estes sim: quero sempre encontrar pelo caminho!



Não mandarei flores.
Não! Rosas, cravos...
Nenhuma flor mandarei!
Não farei odes,
Não quereria cantá-los.
Não pintarei aquarelas.
Que sentido haveria
Se as cores desbotariam
Antes da Primavera?
Nada farei, nada direi, nada...
Não adianta, não basta!
Nem flores, nem odes, nem quadros...
Não podes, não queres, não vais...
Decidido estás de não aceitar
Tudo que posso e desejo te dar.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Mata Atlântica - Serra do Mar/PR

Quem dera poder largar tudo
E sumir nesse mundo!
Contemplar a beleza
na natureza guardada
e sentí-la,
como se parte de mim fosse.
E, oh! Que doce seria!
Sentir o vento no rosto,
a água tocando os pés descalços...
Oh! Quem dera poder largar tudo
E sumir nesse mundo..!



Sob o céu
"Empipocado" de estrelas,
O corpo, jogado na areia,
Se renova, se reaviva,
Se nutre e se faz cheio
De uma paz,
De um "não-sei-quê"
Que lhe toma e,
À natureza lhe incorpora.
E a alma, absorta,
Dos vales da morte retorna.

Fim de tarde,
O sol esconde-se.
Sob as montanhas
O dia dorme.

O céu, tomado,
De escuridão se veste
Para o baile das estrelas
Que logo, logo, acontece.
 
Ilha de Superagui/PR

45min

Mosteiro da Transfiguração - Santa Rosa/RS
Bolo no forno.
Mochila pronta.
Bike no ponto.

Assim que assado
Estiver o bolo,
Na bike monto
E a meu encontro
Parto...

Sol e vento na cara.
Respostas.
Para tudo. Para nada.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Ironias


Quando criança,
Que o tempo voasse
Eu queria,
Para ser adulto e
Fazer o que bem entendia!

Quando jovem,
Um pouco da infância,
Um pouco da “adultice”.
Saudoso e esperançoso
Suspirando vivia...

Adulto, enfim,
Porém não satisfeito:
Quanto mais velho fico
Mais criança quero ser,
Para a cada dia
Um pouco menos morrer.

O Mar

Praia Deserta - Ilha de Superagui/PR

Verei o sol
Cair do céu
Brilhar no mar!

Verei as nuvens
Navegarem no horizonte
Virarem ondas do mar!

Verei as areias
Rodopiarem ao vento
Banharem-se no mar!

Sentirei o vento
Assoviar sereno:
“Vem para o mar...”

Vou! Vou! Vou!
Pés descalços
Sem deixar rastro.

Perco-me no mar...
Sou o próprio mar...
(Saudades do mar...)

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Viver


Viver, não é a simples existência.
Não é a matéria,
A carne, os ossos, a pele.

Não é só esse mundo.
É a perspectiva eterna.
É ver, com os olhos da alma.

É mais que o pulsar
De um coração.
É mais que um respirar,
Mais que um ver,
Mais que um tatear, ouvir, falar.

Viver é sentir
É amar
É ser, saber.

É perceber
Nas pequenas coisas,
Nos singelos momentos
As maiores maravilhas,
As mais valiosas experiências,
Os maiores ensinamentos.

Viver é muito mais
Que a simples existência.
Viver é ser!
Viver é ver
Com os olhos da eternidade.
Mata Atlântica - Serra do Mar/PR

Ipês


Amarelas!
As flores dos Ipês,
São as favoritas
Dentre elas e as roxas!

Sob o sol
De um dourado se vestem.
Sob as nuvens
Nada muda:
Sua cor
Mais viva parece!
                
As de cá
Não são como as de lá
Que carregam as árvores de flores.
As de lá
Povoam flores os galhos
Folhas são um mero detalhe.

Ipês! Amarelos Ipês!
Como sóis esburacados
Mais próximos das mãos
Caídos do céu e encantados!

Cerceiam as ruas,
Estradinhas de chão batido...
Levam a lugares saudosos,
Revelam sentimentos escondidos...

Amarelos!
Os Ipês do Rio Grande!
Amarelos!
Como o sol
De uma manhã fulgurante!

Amarelos Ipês
Carregados de flores...
Avivam a alma,
Colorem os dias,
Explodem, intensos,
Da mais pura alegria!